quinta-feira, abril 27, 2006

 

Olhando os Lirios do Campo

Durante horas e horas tinham visto do ar uma interminável extensão de floresta, toda do mesmo verde intenso, atravessada por rios que corriam como serpentes luminosas.

O rio Amazonas é o mais largo e extenso da Terra, cinco vezes mais do que qualquer outro. Só os astronautas em viagem à Lua conseguiram vê-lo, à distância, em toda a sua extensão, leu Alex num roteiro que a avó lhe comprara no Rio de Janeiro. Não dizia que essa região imensa, último paraíso do planeta, era destruida sistemáticamente pela cobiça de empresários e aventureiros, tal como ele aprendera na escola. Estavam a constrruir uma estrada , uma ferida aberta em plena selva, por onde os colonos chegavam em massa e saíam às toneladas as madeiras e os minerais.
Kate informou o neto de que subiriam pelo rio Negro até ao Alto Orenoco, um triângulo quase inexplorado onde se concentrava a maior parte das tribos.

-Neste livro diz-se que esses indios vivem como na Idade da Pedra. Ainda nem inventaram a roda - comentou Alex.

- Não precisam dela. Não lhes serve para nada naquele terreno, não têm nada para transportar e não têm pressa de ir a lado nenhum - replicou Kate Cold.

- Não conhecem a escrita - acrescentou Alex.
- Têm , concerteza, boa memória - disse Kate.

Com a idade adquire-se uma certa humildade, Alexander. Quanto mais anos tenho, mais ignorante me sinto. Só os jovens têm explicações para tudo.
Isabel Allende - A Cidade dos Deuses Selvagens

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Continuei o meu percurso sem destino pela Serra, coberta de verdes de todos os tons. Olhei os lirios do campo que irrompiam aqui e além em todo o seu fulgor, colhi o rosmaninho que brotava dos rochedos mais agrestes e deliciei-me com a limpidez do rio que corria por entre as pedras, arrendondadas pela força das águas. Perdi-me então a seguir o rumo da corrente deixando-me encantar com os sons dos pássaros e da Natureza em todo o seu explendor naquela manhã de Primavera , radiosa de Luz e Paz.

E gostaria de ter alcançado a sabedoria dos Indios da Amazónia...

quinta-feira, abril 20, 2006

 

o povo da neblina

entre o povo da neblina era comum ter vários maridos ou várias mulheres. Ninguém ficava só. Se um homem
morria




os seus filhos e a sua mulher eram imediatamente adoptados por outro que pudesse protegê-los e alimentá-los.

Por sua vez uma mãe, cujo marido fosse um mau caçador, podia arranjar outros maridoos que a ajudassem a alimentar os filhos. Os pais costumavam prometer em casamento as suas filhas, quando nasciam, mas nenhuma rapariga era obrigada a casarse ou a permanecer junto de um homem contra sua vontade. O abuso de mulheres e crianças era tabu e quem o violasse perdia a sua familia e ficava condenado a dormir sózinho, porque também não era aceite na cabana dos solteiros. O único castigo entre o povo da neblina era o isolamento: o que mais receavam era serem excluidos da comunidade. Quanto ao resto, a noção de prémio e castigo não existia entre eles, as crianças aprendiam imitando os adultos porque, se o não fizessem, estavam destinados a perecer. Tinham de aprender a caçar, plantar e colher, a respeitar a Natureza e os outros, a ajudar e a manter o seu lugar na aldeia. Cada qual aprendia segundo o seu próprio ritmo e de acordo com a sua capacidade.

Isabel Allende - A Cidade dos Deuses Selvagens


quarta-feira, abril 19, 2006

 

ciclo da vida


…os membros da expedição estavam reunidos no palácio das mil salas com a família real, depois de assistirem ao funeral do Rei. Este tinha sido cremado, como era tradição, e as suas cinzas tinham sido repartidas por quatro recipientes antigos de alabastro, que os melhores soldados levaram a cavalo aos quatro pontos cardeais do reino, onde foram lançados ao vento. Nem o seu povo nem a sua família, que tanto o amavam, choraram a sua morte, porque acreditavam que o choro obriga o espírito a permanecer no mundo para consolar os vivos. O mais correcto era demonstrar alegria, para que o espírito partisse contente a cumprir outro ciclo na roda da reencarnação, evoluindo em cada vida até atingir, finalmente, a iluminação e o céu, ou Nirvana.

Isabel Allende –O Reino do Dragão de Ouro
Foto : O Reino do Butão

segunda-feira, abril 17, 2006

 

onde quer que estejas

Trouxeste-me ao colo quando outros me puseram de lado , me esqueceram. Contaste-me histórias, brincaste, pulaste… Lembras-te daquele dia, daquela noite em que ficaste lá em casa a tomar conta de nós porque os meus Pais iam sair? Nós deitámo-nos cedo como era de costume, tu vieste contar uma história e ficaste, ficaste até eles chegarem depois do espectáculo aonde tinham ido. Era tarde e o meu pai não gostou da brincadeira, porque era tarde demais.

Outro dia peguei-te na mão. Estava fria, sem vida e estive a massajá-la, a confortar-te um pouco enquanto falava contigo. Talvez não tivesses dado conta. Olhei os teus pés, fora do lençol, por causa da febre – disse a enfermeira. Tens os dedos compridos – dedos de artista como os das mãos. Pensei nas tuas conchas, nos barcos e nas caravelas que fizeste . Lindos, tão lindos e tão perfeitos. Lembrei-me quando íamos a Cacilhas, de barco, atravessando o Tejo. E daquele dia, em casa da Avó, quando fui espreitar ao teu quarto – estavas doente, também – e vi lá uma senhora com um casaco encarnado.
Eles não queriam que nós soubéssemos mas eu fui perguntar à Celeste. A Celeste sabia sempre essas coisas porque as empregadas sabem tudo o que se passa. Pois então era a tua namorada, a mesma que é hoje a mãe dos teus filhos, essa mesma, de quem eles não gostavam e tudo fizeram para a afastar; mas tu não desististe e casaste , apesar deles não terem ido ao casamento , de o meu pai e a Avó se oporem, de te terem criticado…

Não te bastava já não teres mais ninguém, teres sido criado ora aqui ora ali sem pai nem mãe nem irmã, que os perdeste todos, outras gripes que não a das aves os levaram naqueles anos 30 antes da Guerra. E tu ficaste. Ora interno no Colégio dos Padres ora em casa da Tia ou na da Avó. Voltaste para Lisboa e à força que havias de tirar o Curso não sei de quê e que a Mariazinha dos Quaresmas é que era a noiva ideal. Mas tu disseste não e arranjaste emprego e casaste e saíste lá de casa. Foste para longe, eu sei – para não os veres , para não se meterem na tua vida.

Lembro-me de lá ir , já tinhas os teus dois filhos e brincávamos com eles. E dávamos passeios pelo campo, íamos ao rio a pé, íamos à vila lanchar, comprar qualquer coisa. Noutros dias estavas a trabalhar e íamos lá espreitar-te à janela, no meio daquelas maquinetas complicadas que mandavam recados, telegramas , telexes e coisas dessas…

Depois, já mais tarde vinhas a Lisboa e então podíamos ir ao cinema ver filmes do Oeste, como tu gostavas. Ou do Cantiflas, ou do Charlot.

Não se telefonava muito nessa época. Por vezes estavas muito tempo sem vir a Lisboa, desaparecias. Desapareceste. Para não os veres, não os ouvires a criticarem o que não tinham nada que criticar. E eu saí de cena , também, cansada daquelas cenas. Éramos iguais na solidão que sentíamos, na necessidade de não sermos falsos hipócritas, de apenas querermos que nos amassem. Tu foste para a América, eu para África.

Encontraste uma nova família em pessoas simples, correctas, ligadas à terra, oriundas de uma pequena aldeia onde o seu nome era conhecido como gente de bem; mas não tinham títulos nem brasões nem fama mas com eles te reencontraste. Eu também…

Passaram muitos anos sem sabermos um do outro, sem sabermos onde estávamos e um dia , vi-te de novo quando os primos se juntaram para uma qualquer comemoração. E visitámo-nos. Fui passar o dia dos meus anos contigo, fomos à Feira, a minha filha esteve uns dias em tua casa tal como eu tinha estado também. E voltámos muitas vezes. E vieste também passar o dia connosco. E gostaste!

Agora estás nessa cama de hospital, adormecido, prostrado, cheio de tubos e de máquinas à tua volta. E nós não entendemos e não queremos que estejas assim. Porque já sofreste tanto na tua vida, foste tão mal- amado por alguns, perdeste os teus pais, a tua irmã pequenina e ainda tens que estar a sofrer mais do coração – a mudar de válvulas e de veias ou de artérias, como se fosses um carro a que se muda o óleo ou se faz a revisão dos 100.000km.
Deitei-me a pensar em ti e não consegui adormecer. Levantei-me e vim escrever. Para ti. Para te enviar toda a Força, todo o Amor, toda a Luz, que possa curar-te, dar-te energias suficientes para ultrapassares mais este mau momento. Para que continues connosco, sempre, Duarte Alexandre.
12Março2006


Cheguei agora a casa. Falei com a tua neta, com a Cátia. Estava em tua casa, mas tu não estás lá, não estarás mais. Ontem também tinha telefonado tal como em todos os outros ontem , desde que entraste para o Hospital. Era dia 16 de Abril, ontem , domingo de Páscoa. A Mizé atendeu-me. A mesma Mizé que eu vi no berço em casa da Avó , com alguns meses apenas e uns olhos verdes, lindos, lindos . E os cabelos pretos. E um mano baboso de volta dela , um pouco mais velho.
E foi a Mizé que me disse que tu nos tinhas deixado, que tinhas partido para um outro local que não sabemos onde é, que te tinhas cansado de lutar com os tubos e os aparelhos e os médicos. E partiste, sem amanhã nem ontem, mas com um caminho bem definido, que nós não conhecemos. Aparentemente, deixaste-nos. Fisicamente , quero eu dizer. Na minha memória permanecerão para sempre as imagens do último dia em que estive a conversar contigo no Hospital, na véspera da operação. E levei-te flores. E brincámos e rimos juntos, como sempre o fizemos, porque não precisávamos de muitas falas para nos entendermos. Tal como agora…
Algures, onde quer que estejas, sei que continuarás a dar-me a tua mão e me ajudarás uma vez mais a transpor as barreiras que se atravessarem no meu caminho, levar-me-às contigo nos teus passeios mundo fora , contar-me-às histórias de encantar, como antigamente, para eu adormecer.
Lá, onde quer que estejas seguirás os passos de todos aqueles que te são tão queridos e não permitirás que nada de mal lhes aconteça até que

“um dia
Quando as buganvílias alegremente florirem
Quando as bimbas entoarem hinos de madrugada nos capinzais
Quando a sombra da mulembeiras for mais boa
Quando todos os que isoladamente padecemos
Nos encontrarmos iguais como antigamente

unidos nas ânsias, nas aventuras, nas esperanças
Vamos então fazer um grande desafio…”

(Poema Infância de António Jacinto)

terça-feira, abril 11, 2006

 

NÃO ABANDONE OS ANIMAIS






Este cão vagueou vários dias pelas ruas de Madrid, no estado deplorável em que se encontra

(foto do blog da sabedoria )http://www.blogdasabedoria.blogspot.com



Eles não merecem este final - por isso nunca os abandone!.






Vá de férias tranquilo. Eu também - o meu cão vai sempre comigo!

 
"Hoje é tão tempo como ontem. Amanhã chorarei este dia se não tiver sabido vivê-lo"...

são frases que pode ter sempre à mão, penduradas no escritório ou no espelho e que a ajudarão em momentos piores, tal como fazia Carmen Gaite:

Encontrar o prazer em si mesma, mais do que noutro lado qualquer.

Sou o que penso.

Não olhes com lupa para onde o sapato te aperta.

Não há árvore que o vento não tenha sacudido.

A minha infância expraia-se dentro de mim.

Certamente, o acaso proporcionar-me-à uma surpresa ao virar de uma esquina qualquer.

O verdadeiro fracasso é não se decidir actuar.

Um erro é uma oportunidade de ter experiencia.


(25 maneiras de gozar a vida sendo uma mulher de mais de 55 anos - Silvia Adela Kohan)
Eu diria que tanto faz ter 15 ou 75, os principios deverão ser os mesmos...

segunda-feira, abril 10, 2006

 

Agradecer

... Sérgio contou uma história onde um grupo de pouco mais de 10 índios foram trazidos do Planalto Central para São Paulo, com a finalidade de participarem de uma festividade onde atuariam e seriam homenageados. Ao chegar em uma das marginais, o motorista da van sugeriu que eles fossem almoçar numa churrascaria rodízio, em função do avançado da hora. Isso foi feito e todos os índios entraram na churrascaria, serviram-se fartamente da mesa de saladas e, quando começaram a passar espetos com os diversos tipos de carnes, todos eles se recusaram a comer. O motorista, quase indignado, quis saber o motivo de não aceitarem aquelas carnes, pois se tratava de uma
churrascaria de categoria. A resposta veio muito rápida e foi parecida com esta: “Estas carnes não são consagradas. Estes animais são assassinados. Índio quando precisa caçar, entra na floresta, faz prece ao Grande Deus, pedindo que mande o animal que possa se sacrificar para que a tribo possa se alimentar. Então, o animal se apresenta para que possamos caçá-lo e nos alimentarmos. Estas carnes que vocês servem aqui não foram consagradas e por isso nós não as comemos”.
Você que me lê, será que entendeu o que aquele índio quis dizer? Simplesmente o índio agradece a todas as coisas que a natureza lhe dá. Ele procura entrar em harmonia e comunhão com tudo o que existe, pois reconhece que todas as coisas fazem parte de Um Todo.

Pense um pouco, você que me lê; imagine quantas pessoas passaram por este processo antes de você estar diante de um computador e poder ler o que aqui escrevi? Para nascer você teve pai e mãe, mas não foram só eles que lhe ajudaram a nascer e viver. Um hospital que foi construído por dezenas de trabalhadores, um médico, uma ou várias enfermeiras, uma parteira ou um anestesista, o pessoal da limpeza do hospital, o pessoal da cozinha, do administrativo, etc... Um mundo de gente participou do seu nascimento e você nem se lembrava disso.Aí, você bebê vai para casa e fraldas, cueiros, mamadeiras, ou empregada, ou babá, ou vovó ou titia, etc... quantas pessoas passaram no seu caminho e ajudaram o seu desenvolvimento em seus primeiros dias? E você nem se lembrava disso. Começa a andar, vai para a escola... suas roupas (quantas pessoas para produzir as roupas que você usou todos estes anos? Quem plantou o algodão, quem o colheu, quem o industrializou, quem o comercializou, quem o distribuiu, etc...) Veja a cadeia que nos envolve...Hoje você está diante do seu micro.... quantas pessoas passaram em sua vida, até hoje? Quantas pessoas foram envolvidas e, de alguma maneira, participaram para que esta mensagem chegasse até você e pudesse lê-la? Assim é o universo . Tudo está interligado. Tudo é uma rede só de comunicação. Tudo tem que ser compartilhado, pois todos estamos no mesmo barco.
“Você tem agradecido a tudo e a todos que o ajudaram a chegar até aqui? ”? Ainda não? Então, comece agora a agradecer a tudo e a todos. Coloque o maravilhoso hábito da gratidão em sua vida. Agradeça a todas as coisas: ao ar que respira, às cores que vê, o brilho do Sol, o luzir da lua e das estrelas, o verde das plantas e matas, a água da torneira ou da chuva ou da fonte, ou do rio e do mar. Agradeça ao fogo que aquece e cozinha e por isso transforma e cura e, principalmente, à Mãe Terra, a Patcha Mama, como falavam os Incas. Ela o recebe há milhares de anos para você viver todas as experiências evolutivas e nós a depredamos, agredimos, violamos, poluímos e não agradecemos por tanta generosidade.Alguém, hoje, fez o pão para você comer, a manteiga que passou no pão, o leite foi tirado da vaca, o café colhido e industrializado, a xícara ou o copo de que se utilizou, sem falar da cana de açúcar, de cuja colheita centenas de bóias-frias participaram, antes de chegar à moagem a industrialização. Você agradeceu a algum deles? Você pensou em ter gratidão por estas pessoas? Lembre-se: a gratidão nos liga à Fonte. A gratidão nos deixa em harmonia com nosso Eu Superior. A gratidão faz muito bem à saúde e, principalmente, traz a paz. Experimente agradecer e verá como se sentirá. Eu agradeço por ler meu artigo. Muito obrigado! Ry chy kay ará!
adaptado de um texto de Irineu Deliberalli - Somostodosum
E eu também agradeço por terem lido este post e terem vindo ao meu blog.
Tenham um BOM DIA!
Pinturas em tempera acrilica de Roberto Ciganini.

sábado, abril 08, 2006

 

transgenicos


8 DE ABRIL - DIA MUNDIAL CONTRA OS OGM
Praça da Figueira - Lisboa


Para informações detalhadas sobre o evento:
http://groups.yahoo.com/group/InfoNature-Portugues/message/450

Perigos dos OGM: http://www.stopogm.net/biotecnologia/riscos.htm

 

I have a dream...

Transformar num local assim





o que antes era assim...





sexta-feira, abril 07, 2006

 

Noivas

…o papá, na varanda, ao lado de D. Rosa, defronte da lua, redonda e branca sobre o rio, fazia gemer no silêncio os bordões e dizia as tristezas do conde Ordonho. Outras vezes jogava ele a partida de gamão : D. Rosa sentava-se então ao pé da titi, com uma flor nos

cabelos, um livro caído no regaço; e o papá, chocalhando os dados, sentia a carícia prometedora dos seus olhos pestanudos. Casaram. Eu nasci numa tarde de Sexta-feira de Paixão. ( A Relíquia de Eça de Queiroz)

É tudo belo! Porém mais belo ainda,
Cristina linda, é teu puro olhar,
Calmo, sereno como o infindo Céu,
que a todos deu inclinação p’ra amar.

Tu tens meiguice, sedução, encantos
Sublimes, tantos que do Céu te vêm;
Do prado a flor mais inocente e pura,
Maior candura que a tua não tem.

Do rouxinol o mavioso canto,
Suave encanto é do seio teu,
Quando alta noite, meigos sons divinos
Desfere em hinos, p’ra saudar o céu.

Do Firmamento na amplidão amena,
Brilhar serena não vês a estrela
Em que, Cristina, se retrata, pura
A doce alvura da tua bela fronte?

Enlevo meu, a linda face tua
A luz da Lua com amor beijou,
A suavidade, a magia e brilhos
Do astro filhos, teu olhar herdou.

Quanta alegria dá o teu sorrir!
Vale um porvir de ventura imensa!
Sorrir de virgem, que de amor cativa
De amor aviva no meu peito a crença.

Crença indelével, que em liames ternos,
Firmes, eternos, nos ligou, querida,
E que vivifica o sagrado lume,
Que em si resume, para nós, a vida.

Esta é uma prenda que José Caetano envia a Cristina, pelo seu 26º aniversário, em 27 de Julho de 1877. O casamento realiza-se quatro meses depois, em 29 de Novembro. Carlos , Artur, Maria e João são os seus filhos.

(Cristina do Guadalupe, assim chamada, era minha bisavó)

Fotos: Champagne para dois; Casal - pintura de Botero; Lady lilith -de Rossetti

Maria Cristina - pintura de Columbano Bordalo Pinheiro

Manuel Jardim - pintura


quarta-feira, abril 05, 2006

 

Relíquias.... ou Mandalas?

Tensing e Dil Bahadur acenderam uma pequena braseira e aqueceram chá...depois, entraram em transe e os seus espiritos abandonaram os corpos para empreender viagem.

Tensing explicou por gestos e por telepatia que a dor provoca tensão e resistência, o que bloqueia a mente e reduz a capacidade natural de cura. Além de anestesiar , a acupuntura activava o sistema imunológico do corpo. Nadia não sofria, garantiu-lhe.

...ordenou a Nadia que voltasse a deitar-se na sua cama improvisada porque não estava totalmente curada; o seu corpo era o templo do seu espirito e devia tratá-lo com respeito e cuidado.

Como tarefa, pediu-lhe que visualisasse os ossos no seu sítio, o ombro desinflamado e a sua pele livre das nódoas negras e dos arranhões da queda.
Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge dos nossos pensamentos. Os nossos pensamentos constroem o mundo, disse Tensing por telepatia.
Nadia captou a ideia : com a sua mente podia curar-se!

(O Reino do Dragão de Ouro - de Isabel Allende)

















Depois disse-me que voltasse para a cozinha, sempre a seguir pelo corredor...
E quando passar pelo oratório, onde está a luz e a cortina verde, ajoelhe, faça o seu sinalzinho da cruz...
Não fiz o sinal da cruz. Mas entreabri as cortinas; e o oratório da titi deslumbrou-me, prodigiosamente. Era todo revestido de seda roxa, com painéis enternecedores em caixilhos floridos, contando os trabalhos do Senhor; as rendas da toalha do altar roçavam o chão tapetado; os santos de marfim e de madeira, com auréolas lustrosas, viviam num bosque de violetas e de camélias vermelhas. A luz das velas de cera fazia brilhar duas salvas nobres de prata, encostadas à parede, em repouso, como broquéis de santidade; e erguido na sua cruz de pau preto, sob um dossel Nosso Senhor Jesus Cristo era todo em ouro e reluzia.
Cheguei-me devagar até junto da almofada de veludo verde, pousada diante do altar, cavada pelos piedosos joelhos da titi. Ergui para Jesus crucificado os meus lindos olhos negros. E fiquei pensando que no Céu os anjos, os santos, Nossa Senhora e o Pai de todos deviam ser assim, de ouro cravejados talvez de pedras; o seu brilho formava a luz do dia; e as estrelas eram os pontos mais vivos do metal precioso transparecendo através dos véus negros em que os embrulhava à noite, para dormirem , o carinho beato dos homens.
Depois do chá, a Vicência foi-me deitar numa alcovinha pegada ao seu quarto. Fez-me ajoelhar em camisa, juntou-me as mãos e ergueu-me a face para o céu. E ditou os padre-nossos que deveria rezar...( A Reliquia - de Eça de Queiroz)

Fotos : Duas últimas Pôr-do-Sol : http://artistazul.multiply.com
Restantes são tiradas da net.

segunda-feira, abril 03, 2006

 

Horizontes do silencio

Já antes vos falei um pouco sobre mim, já sabem que sou uma pessoa normal, vulgar, como tantas outras, também já sabem que eu sou surda. Talvez ainda não saiba que a minha surdez é pré – linguística, isto é, nasci assim, surda. Nunca ouvi.Às vezes, gostava muito de ouvir o som do mar, as vozes humanas e dos animais, música, os sons da cidade, … Não sofro por não ouvir, porque nunca ouvi qualquer som, porém sinto a natural curiosidade de querer conhecer… Às vezes, usava o aparelho auditivo, porém, deixei de o colocar porque não ajudava muito. O aparelho amplia muito alguns sons e ainda torna mais difícil, para mim, a compreensão dos sons que me rodeiam. Deixei de o usar, não por vergonha, mas porque tanta confusão me fazia dores de cabeça. Era horrível, mesmo. O aparelho não me faz "muita" falta porque, se as pessoas articularem bem, se falarem pausadamente, se estivermos frente a frente, consigo fazer uma boa leitura labial e compreender tudo o que me dizem e posso manter, sem dificuldades de maior, um diálogo de horas. Quando há várias pessoas a falar ao mesmo tempo, bem... aí é complicado porque não posso estar a olhar para todos os lábios ao mesmo tempo, não é verdade?Um surdo pós – linguístico deve ter sofrimento, porque essa pessoa já ouviu. Regra geral, estes surdos – pós – linguísticos - articulam melhor pois já têm a experiência do mundo dos ouvintes. Por isso, penso que um ex-ouvinte sofre muito, porque já não consegue ouvir e ainda, na maior parte dos casos, não consegue perceber o que estão a falar, porque não adquiriu ainda prática de fazer uma boa leitura labial. Se eu fosse ex- ouvinte, ficaria muito confusa, tenho a certeza! Terrível... Ouvir o mar, sei que é lindo, como matar as saudades??? Impossível! Estão a perceber o que estou a dizer? Assim, como nunca ouvi, é como já disse lá atrás. Tenho pena de nunca ter ouvido o som do mar, a brisa do vento, o choro de uma criança, os pássaros a cantar, as flores a dançar, a chuva zangada, ... Mas não sofro. Verdade que algumas vezes, tenho ciúmes dos ouvintes, pois ouvem tudo, mas em outras ocasiões sei que sou privilegiada, não fico perturbada com ruídos, barulhos…Eu posso dormir tranquila... É bom ser surda, não acham?Eu sou absolutamente contra os implantes cocleares porque nós, os surdos, podemos sofrer danos irreversíveis com os implantes. Somos surdos, nascemos para ser surdos… Com implantes, fazer operações tão arriscadas para ser ouvinte, para quê?!? Nós podemos viver plenamente a vida. Não temos os cinco sentidos? Certo! Temos "4sentidos"! Temos olhos lindos para pudermos olhar, ver, ler os lábios… Temos mãos lindas para falar, dançar, acariciar, … acenar, etc… Temos nariz lindo para pudermos cheirar o perfume, a comida, os livros, etc… Temos a boca para comer, beijar… Quatro sentidos, certo! mas usados totalmente! Nós sabemos fazer umas cenas lindas, maravilhosas, imaginativas. Temos uma memória bonita.Somos minoritários, estamos no mundo dos ouvintes… E os ouvintes sabem muito pouco sobre a vida dos surdos. É uma pena que não haja mais informação sobre nós, os surdos. É importante para nós que os ouvintes comecem por perceber que ser surdo não significa ser mudo. É importante que compreendam que ser surdo não faz de nós seres de outro planeta, nem bichos raros.Não ouvimos. Poderemos até levar mais tempo para perceber o que o nosso interlocutor está a dizer, mas somos tão humanos quanto os ouvintes, certo? Com sentimentos, paixões, amores, desamores, amigos, colegas, companheiros, conhecidos, vizinhos,... Rimos e choramos. Sofremos e alegramo-nos. Brincamos e estudamos.Na América, muitos surdos são professores, advogados, juízes, administradores, médicos, actores, etc… Porquê? Porque lhes foram dadas condições para que pudessem tirar o curso que pretendiam! Aqui, em Portugal, onde estão? Na faculdade, há milhares de ouvintes e apenas 30 surdos. Motivo para reflexão, não vos parece? É que os surdos não são nem mais nem menos inteligentes que os ouvintes...O nosso acesso à informação é bem mais limitado. Por exemplo, com a televisão, nós não conseguimos perceber a totalidade das notícias - o locutor ou fala depressa demais, ou articula as palavras de maneira pouco clara, ou a voz está em «off». Temos teletexto, mas é raro! Poucos são os programas onde há um intérprete de Língua Gestual Portuguesa e, mesmo naqueles em que os há, torna-se muito fatigante para nós seguirmos tudo porque o 'quadradinho' onde o colocam é tão pequenino.... Ir aos espectáculos de variedades? Seria uma maravilha!!!Ir a reuniões, impossível pois, regra geral, toda a gente gosta de falar ao mesmo tempo...Por hoje já chega, não acham? :-)Espero que vocês, ouvintes, conheçam agora um pouco mais sobre mim - sobre os surdos, em geral. Somos seres humanos. Somos seres humanos muito sensíveis. Obrigada por virem até aqui visitar-me. Obrigada por me lerem. Obrigada por ficarem a pensar em algumas das coisas que escrevi.Beijinhos para vocês todos! Boas férias! Não comam muitos chocolates e amêndoas!!! ´Tá?? =)
do blog da estrela do mar

http://www.estrelinhaa.blogspot.com





 

G ...de Gingko Biloba, Gengibre, Ginseng


Desde o berço onde a avó espalhava funcho e ambâr para afugentar a "sorte ruim", Jacinto medrou com a segurança , a rijeza, a seiva de um pinheiro das dunas.
Não teve sarampo, não teve lombrigas. As Letras, a Tabuada, o Latim entraram por ele tão facilmente como o sol por uma vidraça.
Na idade em que se lê Balzac e Musset nunca atravessou os tormentos da sensibilidade - nem crepúsculos quentes o retiveram na solidão de uma janela, padecendo de um desejo sem forma e sem nome.
Eça de Queiroz - A Cidade e as Serras)



O âmbar é um derivado de resinas fósseis produzidas por certas coníferas do passado. O âmbar no solo preserva a flora e a fauna, envolvendo, ao cair, bolhas de ar que permitem estudar os niveis de oxigénio da atmosfera, no passado.

É muito apreciado pelas suas propriedades curativas e é também usado como talismã.


Ginkgo Biloba
Chamada pelos japoneses pelo carinhoso nome de Yin- Kuo, fruto de prata, o Ginkgo (Ginkgo biloba L.) considerado sagrado pelos budistas, sendo as suas árvores plantadas nas entradas de todos os templos. Descrita pela primeira vez pelo médico alemão, Engelbert Kaelmpter, por volta de 1690 foi levada para a Europa somente no ano de 1727 sendo considerada como único fóssil vivo. O Ginkgo despertou o interesse de pesquisadores depois de resistir ao ataque aéreo da bomba atômica na cidade de Hiroshima, Japão, quando voltou a brotar sob as ruínas da cidade devastada. O Ginkgo, que faz parte do milenar arsenal terapêutico chinês, adapta-se muito bem às características urbanas e em clima temperado, não sendo exigente com os solos e resiste muito bem à poluição pesada, insetos, fungos, bactérias e vírus.O GINKGO (Ginkgo biloba), contém substâncias activas capazes de melhorar a insuficiência vascular cerebral e periférica, sendo indicado para o tratamento de distúrbios de memória e concentração, vertigens e labirintite.




Guaraná
Nativa da Amazônia, o Guaraná foi descrito pela primeira vez em 1826 pelo botânico alemão Karl von Martius. Segundo a lenda, o Guaraná nasceu dos olhos de um indiozinho da tribo Maués morto pelo índio Juruparí, o mau espírito e invejoso. A tribo Maué ficou desconsolada e não acreditava no que havia acontecido. Do céu veio um raio, enviado por Tupã, que interrompeu as lamentações de todos: teriam que retirar os olhos do pequeno índio e plantá-los para que deles nascesse uma planta sagrada para saciar a fome, o cansaço e doenças dos Mauenses. A cova foi regada com lágrimas de todos da tribo e em seguida os olhos foram enterrados. Ali nasceu o primeiro pé de Guaraná. Hoje sabe-se que o Guaraná tem ação comprovada no auxílio de esgotamento físico e mental, astenia, depressão nervosa, estresse, enxaqueca e estimulante da atividade cerebral.


O gengibre é uma planta perene que cresce na Índia, na Jamaica e na China. Produz flores verde-púpura que se assemelham às orquídeas. Seu rizoma (raiz) é subterrâneo e em geral constitui a parte mais apreciada da planta. Foram atribuídas numerosas propriedades ao gengibre, incluindo seu uso como antiemético (anti vômito). Este efeito foi estudado em sere humanos principalmente em casos de enjôo por cinetose (movimento) ou enjôo de mar, bem como para náuseas e vômitos pós-operatórios, onde resultados positivos foram alcançados. Tomado aos primeiros indicios de uma gripe ou constipação, um chá de gengibre pode ajudar a desobstruir o nariz e estimular o fígado libertando as toxinas. O gengibre tem também propriedades anti-inflamatórias nas artrites e osteo-artrites, podendo ser utizado na comida, como tempero, substituindo o sal.


O Ginseng brasileiro ou Pfáfia, é uma planta originária do Brasil também encontrada no Paraguai, na Argentina, Bolívia e Colômbia. Os índios da Amazônia deram a ela o nome de "paratudo" (bom para tudo) e passaram os seus conhecimentos medicinais sobre o Ginseng aos sertanejos. No total são encontradas 41 espécies, sendo que 22 estão no Brasil, principalmente, nas regiões do Paraná e Mato Grosso do Sul.O GINSENG (Pfaffia glomerata), é indicado como auxiliar em casos de perda gradativa de memória, principalmente em memórias de curto prazo (relativas aos fatos e às informações corriqueiras, obtidas no dia a dia) e declarativas (relativa à lembrança de fatos, tempos, locais e objetivas no dia a dia).


Plantas medicinais - Dr Omar Moisés

http://raulybarra.com


sábado, abril 01, 2006

 

Para a t. ... com SETE AIS!



E vocês, que diabo?
Para onde vão vocês com essas flores nas lapelas?
- A Seteais … Vou mostrar Seteais ao maestro.
Que aquilo é um sitio muito meu, filhos! Não há ali árvore que me não conheça! … Eu não vos quero começar já a impingir versos; mas enfim vocês lembram-se de uma coisa que eu fiz a Seteais e de que por aí se gostou …

Quantos luares eu lá vi?
Que doces manhãs d’ Abril?
E os ais que soltei ali
Não foram sete mas mil!

(Eça de Queióz - Os Maias)
Esta é a minha resposta à t.
http://por-um-fio-invisivel.blogspot.com/

Para percorrer Sintra sem poluir o ambiente e para desfrutarmos da amplitude da paisagem existem agora percursos de burro, como abaixo se anuncia

Passeios de Burro no Parque Natural Sintra-Cascais
Duas dezenas de burros vão animar o Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC), numa iniciativa das empresas Naturanima e Reserva de Burros em colaboração com a área protegida. Sob o nevoeiro e a atmosfera tranquilizadora da serra de Sintra, dez burros pastam e passeiam junto à Peninha, dentro de um espaço vedado para o efeito.
O objectivo do Parque Natural Sintra-Cascais é de, dentro das suas "restrições orçamentais", reanimar a propriedade da Peninha. "Eram 62 hectares desaproveitados. O que queremos fazer é, juntamente com privados, recuperar a utilização social da Peninha, permitir que esta, com actividades lúdicas e ambientais, deixe de estar desaproveitada e possa inclusivamente ser vigiada", disse ontem Carlos Albuquerque, director do PNSC. Foi no âmbito desse objectivo que o Parque Natural contactou as empresas que aderiram à iniciativa. A intenção, explicou Rute Candeias, da Naturanima, "é proporcionar passeios de sensibilização ambiental utilizando os burros". E acrescentou: "Vamos ter passeios destinados às crianças, que vão montadas nos burros, e teremos longas caminhadas em que o burro serve de animação."
A ideia nasceu a 5 de Junho de 2005 quando, no âmbito da comemoração do Dia do Ambiente, a Naturanima organizou diversas actividades. "Nesse dia, trouxemos alguns burros e as pessoas adoraram. Daí ter proposto esta actividade ao Parque Natural", afirmou. Os jumentos que agora estarão disponíveis para passeios na serra de Sintra já operavam há bastante tempo na serra de Aires e Candeeiros, onde está sediada a empresa Reserva de Burros, o que poderá explicar a naturalidade com que ontem encaravam a mudança de cenário. "Eles chegaram ao meio-dia mas estão ambientados", afirmou Rute Candeias. "A vegetação e o ambiente são semelhantes."
Os burros que ficarão em Sintra, propriedade da Reserva de Burros, a empresa que Paulo Araújo criou na serra de Aire e Candeeiros, em 1987, dão por nomes como Surpresa, Pombinho ou Alfazema e são muito sociáveis. "São animais espertos, simpáticos, nada teimosos, ao contrário do que se pensa", garantiu Rute Candeias. A partir de agora, a Reserva de Burros manterá apenas o seu Centro de Reprodução na serra de Aire e Candeeiros. "Vamos passar a fazer apenas passeios em Sintra. Na serra de Aire, era uma actividade muito sazonal e que parava em Outubro. Na Peninha queremos fazer todo o ano", disse Paulo Araújo.
Dentro da reserva existem as ruínas de um antiga casa. "Isto aqui foi uma quinta. A nossa ideia é reabilitar a casa", explicou Rute Candeias. Para já, é ali naquele espaço ao ar livre, na encosta que desce Peninha abaixo, que ficarão os burros. Mais acima, no edifício acastelado construído ao lado da Capela da Nossa Senhora da Peninha, fica o Centro de Educação Ambiental, de onde partirão os passeios.
Os burros são aparelhados junto ao centro e, enquanto decorre o processo, as pessoas são informadas acerca dos burros, o que comem, que necessidades têm. "A ideia não é fazer um simples passeio, é usar os animais como veias de transmissão da educação ambiental", notou Rute Candeias.
Instalado junto à capela, num local com uma vista belíssima, que em dia de boa visibilidade se estende das Berlengas ao Cabo Espichel, o Centro De Educação Ambiental da Peninha oferece ateliers ambientais para adultos e crianças, pedipapers (passeios a pé) para famílias, empresas e festas de aniversário, observação de aves e percursos interpretativos e temáticos, que vão da História à Botânica ou à Geologia. O Centro de Educação Ambiental vai passar a abrir todos os fins-de-semana e, entretanto, a Naturanima aceita reservas de passeios (www.naturanima.pt).
"O preço dependerá do número de pessoas e da actividade a desenvolver", concluiu Rute Candeias.
Nuno Ferreira (PÚBLICO)
Aqui fica a sugestão para um bom fim de semana, um passeio escolar ou uma festa de anos da miudagem ...e não só.!

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