terça-feira, fevereiro 28, 2006

 

PEDRAS NO CAMINHO



















Um passeio até Sortelha através das serranias da Guarda, passando pelo Castro de Tintinolho, perto de Cavadoude, junto à Via Romana que seguiria até Salamanca e ainda em muito bom estado.
Em péssimo estado estava a outra via por onde nos metemos e o resultado está bem à vista : duas rodas metidas numa vala quando o terreno deu de si - nada que não se resolvesse depois de uma paragem forçada e a colaboração de todos!
A Serra e as Pedras dão-nos uma outra dimensão da realidade confirmada pela raios de um sol tosco a incidir nos cumes queimados pela neve e pelo vento agreste, áridos , sem uma flor, sem um galho de vida nova , como a figueira. O portão está fechado para sempre , a escola deserta e no recreio que outrora acolheu gerações de garotos ávidos de jogar ao pião e à macaca, apenas a erva e o musgo crescem.
Aqui, a escola fechou simplesmente porque não tem alunos, não há crianças. A antiga professora vive ainda na aldeia, já reformada e vai-se entretendo a cuidar da horta. As portas fecharam-se atrás dos proprietários que partiram para outros lugares, em demanda de melhores dias. Outras portas cairam de podres, de falta de uso deixando antever o espaço atrás de si...
Reencontra-se a pureza dos locais, dos olhares, a serenidade do passado e o dia a dia movido com outras formas. Que bom fazer renascer estes locais!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

 

o reino do BUTÃO

PIB? Não!!!! FIB.
O extraordinário caso do Butão Há pouco mais de meia dúzia de anos, o rei de um reino pequenino e longínquo espantou o mundo numa grande e importante conferência internacional. Enquanto os “grandes” falavam de Produto Interno Bruto, o rei do Butão apresentou o programa de governo do seu país, enquanto política nacional oficial, praticada no seu pequeno reino, escondido entre os Himalaias. A política do Butão foi apresentada sem qualquer melindre, afinal aquele povo sabe o que quer e não brinca com coisas sérias. O nome desse programa de governo chama-se: Felicidade Interna Bruta.
É esse o objectivo daquele governo. Alicerçado numa visão holística do ser humano, visa criar, promover e defender a felicidade dos seus cidadãos. A fonte desta política assenta no budismo, o qual compreende o ser humano em todas as suas dimensões. Daí que todas elas tenham de ser contempladas, favorecidas e estimadas quando, na prática, se investe na riqueza, bem estar e desenvolvimento de um país. E, todas estas palavras têm uma significado profundo, com carne e osso no budismo. As pessoas não são números, contribuintes, utentes, clientes, etc. A nossa saúde mede-se, por exemplo, pelo número de hospitais, atendimentos ou camas disponíveis nas enfermarias. Mas, saúde é muito mais que isso, é também paz! É saúde dentro de um corpo, que é também uma mente, uma alma e um espírito. Alguém, aqui em Portugal, sente a sua alma, o seu coração, os seus sentimentos reconhecidos, cuidados, contemplados quando é entregue a um médico ou uma enfermeira. Por cá, um corpo deitado numa maca, é uma doença deitada numa maca. Não é um ser humano completo, com corpo, mente, coração e alma. É uma doença, um número na lista, à espera de ser chamado.Enquanto o resto do mundo mede a felicidade (aliás, nem nos atrevemos a usar essa palavra “pirosa”) em estatísticas que contabilizam o números de bens (electrodomésticos e parque automóvel, por exemplo) que cada cidadão possui, no Butão, a riqueza, qualidade de vida e progresso inclui a preservação das florestas sagradas ou da água pura nos rios – estes são considerados factores determinantes para a felicidade das pessoas.Trata-se de um pequeno país, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, sobretudo rural e de agricultura de subsistência. A sua cultura é milenar, com tradições riquíssimas, às quais os modernos estrangeiros podem assistir se estiverem dispostos a pagar um fortuna, isto só para obterem autorização para entrar no país. O preço do turismo no Butão disparou desde que a população se queixou directamente ao rei (o rei recebe e resolve efectivamente os problemas do seu povo) do incómodo e mal-estar provocado pelos turistas: queixaram-se que a presença desses “estranhos” estava a perturbar os espíritos das suas florestas sagradas. O rei, empenhado em fazer o seu povo feliz, tratou de encontrar uma forma de protegê-lo do turismo invasivo. Assim, mesmo com eventuais prejuízos decorrentes de uma quebra na taxa de turismo, foi inflacionado o preço para visitar o Butão. Menos turismo, menos turistas, não pesou na balança das decisões governamentais. Ali, a felicidade conta. Aliás, ali a felicidade é que conta! Esse é o bem mais precioso. O Reino do Dragão :Um lugar e uma lição de sabedoria, "simples" e despojada, que nos deveria fazer reflectir sobre as nossas verdadeiras prioridades A riqueza de certos países, como o nosso, mede-se por cálculos, ganhos e gastos, taxas de inflação... Mede-se pelos bens materiais que as pessoas possuem; mede-se por quanto temos, o que estamos a comprar, quanto estamos a ganhar e a gastar. E, a qualidade de vida das pessoas resume-se a isto! E a alegria, e o prazer de viver? E a paz interior? E o ar que respiramos? E as nossas florestas? E a nossa esperança? E a nossa auto-estima? E o amor?
mais aqui: http://www.bhutanstudies.org.bt/publications/gnh/gnh.htm
http://www.kingdomofbhutan.com/
http://www.grossinternationalhappiness.org/

publicado no blog da sa.ra .... http://soukha.blogspot.com

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

 

o momento é como deve ser

Praticar a Aceitação, dizendo: "hoje aceitarei pessoas, situações, circunstâncias,

todos os factos como eles se manifestarem". Saber que o momento é como deve ser.

Dizer a si mesmo: "minha aceitação será total e completa; verei as coisas como elas são

e não como eu gostaria que fossem".

… Assumir a Responsabilidade pelas situações e por factos que considere problemáticos;

isso inclui não culpar a ninguém ou a alguma coisa. Todo problema traz em si

uma oportunidade para transformá-lo em algo de imenso benefício.

… Assentar a percepção na Indefensibilidade, desistir da necessidade de defender

seus pontos de vista e de convencer os outros a aceitá-los;

permanecer aberto a todos os pontos de vista e não se prender a nenhum deles.


Quinta-feira: A Lei da Intenção e do Desejo


… Fazer uma lista de todos os seus desejos. Carregar esta lista para todos os lugares.

Olhar para ela antes de mergulhar no silêncio e meditação.

Olhar antes de adormecer à noite. Olhar quando acordar pela manhã.

… Liberar a lista de seus desejos e soltar no ventre da criação.

Se as coisas não saírem como deseja, há uma razão no plano cósmico para isso.

… Lembrar de praticar a consciência do momento presente em todas as acções.

Não permitir que os obstáculos consumam e dissipem a qualidade da atenção

no momento presente. Aceitando o presente como ele é,

o futuro se manifestará nas intenções e desejos mais caros e profundos.

Transformar a incerteza em um ingrediente essencial da própria experiência.

Na disponibilidade para aceitar a incerteza, as soluções emergirão espontaneamente

do próprio problema, da própria confusão, da desordem, do caos.

Quanto mais incertas forem as coisas, mais seguro deverá se sentir,

porque a incerteza é o caminho da Liberdade.

Através da Sabedoria da Incerteza encontrará segurança.

… Entrar no campo de todas as possibilidade e antecipar a excitação

que pode ocorrer quando se está aberto a uma infinidade de escolhas.

Quando entrar no campo de todas as possibilidades, experimentará toda a diversão,

toda a magia, todo o mistério, toda a aventura da vida.


Sábado: A Lei do Darma ou o Propósito da Vida

Nutrir amavelmente a divindade que hoje habita em você, no fundo de sua alma.

Prestar atenção ao espírito que anima seu corpo e sua mente.

Despertar desse profundo sono dentro de seu coração.

Carregar consigo a consciência da atemporalidade, do ser eterno,

em todas as experiências limitadas pelo tempo.

… Fazer uma lista de seus talentos únicos. Depois, outra lista das coisas que adora fazer

quando está expressando esses talentos. Diga então: "quando eu os expresso

e os ponho em serviço da humanidade, perco a noção do tempo

e crio a abundância em minha vida, bem como na vida dos outros."

… Perguntar a si mesmo diariamente: "como eu posso servir?" e "como posso ajudar?"
As respostas a essas perguntas permitirão ajudar e servir os seus semelhantes com amor.


As sete leis espirituais do sucesso - Deepak Chopra

 


 

PEDIDO DE MANTAS

O SOS Animal continuam a estar presente em cada vez mais eventos.Com o número de campanhas a aumentar, torna-se urgente ter uma maior quantidade de mantas para forrar os chão dos parques para os animais estarem mais confortáveis bem como aquecer os animais durante as campanhasnos dias mais frios.É devido a esta situação que escrevo este mail, pedindo a ajuda de todos através de contribuições de mantas mesmo que já estejam usadas.

Caso possam ajudar, as nossas próximas campanhas são dia 25 de Fevereirono Feira Nova de Telheiras
e dia 26 no parque do Alvito em Monsanto.Desde já agradecemos a vossa ajuda :)Rita SobreiraSOSAnimalwww.sosanimal.com

 

entrega-te às águas

Não lutes se o rio que conduz tua vida
parece levar-te a um destino diferente
daquele que traçaste para ti
Entrega-te às águas...
Se parares de te debater em vão
elas se acalmarão
e te guiarão docemente e sem sofrimento
ao encontro da tua verdadeira
razão de existir

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

 

duas bifanas ...


… com mostarda , ? piri-piri?...perguntou-lhe por trás do balcão.
Reflectiu antes de responder : “Só molho”…
A cervejaria estava cheia àquela hora de fim de tarde. Só homens , na conversa da bola e a puxarem do copo da imperial e dos amendoins. Olharam-na de lado, estranhando a mulher sozinha, desajustada para o local onde a freguesia era outra. Mas ela não ligou, deixou de os ouvir enquanto esperava que as bifanas fossem embrulhadas.
Quando passara na avenida vira três vultos num portal de uma escada. Abrandou o carro para se certificar mas era difícil parar naquele local. E tinha horas marcadas por isso foi tratar das suas coisas. Mais tarde voltou a passar e tomou coragem, porque é preciso coragem, e foi falar com o homem, perguntar-lhe se queria alguma coisa para comer, se os cães tinham comido.
Já, já comi… mas para a noite não tenho nada – disse ele olhando-a, timidamente, desgostosamente. Os cães estavam aninhados no degrau bem junto a ele, para se aquecerem todos e olharam-na com a mesma ternura e inquietação que o dono, sem ladrar, sem se mexerem…
Foi ao super ali perto e só depois entrou na tal cervejaria para levar as bifanas quentes, acabadas de fazer.
Os cães levantaram-se de imediato, ao cheiro da comida, o dono espantou-se. Tanta coisa , disse ele agradecido, remexendo nos sacos.
Fica por aqui ? – perguntou –lhe para cortar o vazio. Não, daqui a bocado vou até ao jardim e depois vou para ” casa” , lá para cima ; não tem água nem luz mas estou abrigado…
Estaria. E estava limpo, os cães também, não cheiravam mal, mantendo uma certa dignidade e respeito. Agradeceu com olhos vagos , meigos, chorosos. Nos cães a mesma expressão do dono. Todos se pareciam.Vivendo cada dia, momento a momento.


"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e sobretudo viver." Dalai Lama

terça-feira, fevereiro 21, 2006

 

jardins de monet






Hoje , apetecia-me :

- passear pelos Jardins de MONET

- acender uma vela por todos os que sofrem e por alguém tão especial para mim como o D. Alexandre que está a ser operado ao coração

- "enviar raios de energia positiva para o espaço infinito e para o espirito que reina em todas as coisas".

(fotos Jardins de Monet)

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

 

pequenas coisas





a gente passa a vida toda ouvindo e lendo que deveriamos nos alegrar com as "pequenas coisas". um dia a gente acredita...o sentimento de ser boba aparece, mas tambem ouvimos dizer que ser bobo faz bem a saude e melhora a vida. aqui estou, boba, abestada como a gente diz no ceara, me alegrando com a companhia do passarinho que aceitou minha hospitalidade. agora vem todos os dias e perdeu o medo de se aproximar. outra "bobagem" que nunca tinha me dedicado antes eh a de cuidar de plantas e me alegrar ao ver crescerem e as flores brotarem, assim simplesmente. (www.vadiando.com)



“Não saber o que fazer é como estar perdido, à noite, numa floresta escura. O melhor, então, é encontrar um lugar seguro, em cima de uma árvore, e dormir até o sol nascer. Quando não há nada a fazer o melhor é descansar, sem esquecer que o sol nasce sempre todos os dias”.

Quando a vida perde a fluidez, não adianta apressá-la. Seria como tentar acelerar uma música sem ritmo. Parar nestes momentos não significa perder tempo, mas sim agir de modo eficaz para observar melhor a natureza da situação sem a influência de nossa ansiedade.

Procuro fazer algo que não me exija esforço nem concentração, isto é, que seja tão simples quanto minha mente possa assimilar. Desta forma, me esvazio e sinto gradualmente a ansiedade diminuir. Neste momento, algumas vezes, sinto tocar os limites entre a calma e a melancolia. Noto, então, que é hora de parar de contemplar e voltar a agir. Noutras vezes, aproveito a calma conquistada para meditar. Frente à ansiedade, só podemos relaxar, mas diante da calma já podemos meditar! Sem dúvida, este é um grande passo: quando recuperamos as rédeas do mundo interior, podemos voltar a escolher para onde queremos nos levar. No entanto, nos momentos em que nossa mente encontra-se sem saber para onde ir, é preciso saber continuar sendo e, se soubermos seguir os conselhos de Lama Gangchen, nos entregarmos e aproveitarmos para descansar! “Não saber o que fazer é como estar perdido, à noite, numa floresta escura. O melhor, então, é encontrar um lugar seguro, em cima de uma árvore, e dormir até o sol nascer. Quando não há nada a fazer o melhor é descansar, sem esquecer que o sol nasce sempre todos os dias”.


(Texto de Bel Cesar in www.Somostodosum)

sábado, fevereiro 18, 2006

 

Fim à dor emocional






Podemos localizar em nossa vida fases em que uma dor emocional permanece instalada em nós por um longo período - um ano e meio, pelo menos. Vamos dormir sabendo que, ao acordar, sentiremos a mesma dor no peito. Geralmente isso ocorre quando vivemos algo maior do que nossa capacidade de elaborar. A meta de transformar o sofrimento em autoconhecimento faz com que nos sintamos íntimos da nossa dor, tão próximos dela que, às vezes, sentimos pena de deixá-la. Eu me lembro claramente da primeira vez que senti nostalgia por perceber que uma dor emocional estava para acabar. Cheguei a perguntar para Gueshe Sherab: “Será que sem esta dor continuarei aprendendo tanto quanto aprendi ao senti-la?”. Ele riu e me respondeu: “Você não precisa chamar a dor para evoluir, pode ter certeza que sempre haverá sofrimento suficiente para aprender algo com ele. Quando a mente não está sobrecarregada com uma dor intensa, pensa melhor”. Se estivermos sofrendo pela mesma dor há muito tempo, devemos identificar o momento de nos desapegarmos dela. É necessário sentirmos a dor apenas enquanto ela nos ajudar a aprender mais a nosso próprio respeito, ou seja, enquanto ela representar uma forma de ampliarmos a visão acerca de nós mesmos. Parece óbvio que ninguém deseja se apegar à dor. Na realidade, porém, desapegar-se dela talvez seja um de nossos maiores desafios. Aceitar a necessidade de abandonar um padrão emocional, mesmo que ele implique sofrimento, pode ser tão difícil quanto aceitar a morte de um ente querido, pois sentimos como se perdêssemos algo de nós mesmos. Em ambos os casos devemos aprender a fazer o luto. Como escreve Christine Longaker em Esperança diante da morte (Ed.Rocco): “O processo de recuperação da nossa dor pode nos ajudar a viver de maneira mais plena e apreciar cada dia e cada pessoa, como uma dádiva insubstituível. No luto, devemos por fim nos desapegar da pessoa que se foi; no entanto, podemos manter o seu amor conosco. Não somos abandonados na perda; podemos nutrir nossas memórias de amor, e permitir que o amor continue fluindo na nossa direção”. Do mesmo modo, quando nos separamos de um padrão emocional dolorido com o qual convivemos por tantos anos, devemos manter a consciência de sua importância em nosso processo de autoconhecimento: uma forma de gratidão pelo aprendizado. Sogyal Rinpoche sugere o contato com a natureza como um potente método de pôr fim à dor: “Um dos métodos mais poderosos que conheço para aliviar e dissolver o sofrimento é ir para a natureza, contemplar uma cachoeira, em especial, deixando que as lágrimas e a dor saiam de você e o purifiquem como a água que flui. Pode também ler um texto tocante sobre a impermanência ou o sofrimento, e deixar a sabedoria contida em suas linhas trazer-lhe consolo. Aceitar a dor e pôr-lhe fim é possível”. (O livro Tibetano do Viver e Morrer, Ed. Talento).Quando aceitarmos o fato de que podemos experimentar conscientemente nossa dor, então, estaremos prontos para nos liberar dela! Finalmente romperemos o hábito de autocomiseração e estaremos aptos para sermos felizes. A intensidade da dor de uma emoção possui um tempo que lhe é próprio, mas que também tem seu fim. Se ela continuar presente depois de um tempo prolongado é porque a estamos invocando em demasia. É melhor pararmos de invocar essa dor e abrirmo-nos para o desconhecido, perguntando-nos: “Como serei sem esta dor”? Muitas vezes encontramos justificativas nobres para não mudar, quando, na realidade, estamos é precisando ser mais sinceros com nossa fraqueza. A sinceridade é um antivírus contra as interferências interiores e exteriores, pois quando somos sinceros não fazemos rodeios. A sinceridade nos dá coragem e abertura para lidar com qualquer situação, agradável ou desagradável. Desta forma, nos abrimos para o mundo. A falta de foco é um modo de nos protegermos das exigências do mundo, e de adiarmos nossa participação nele. Ao saber quem somos, podemos adquirir a flexibilidade de perceber igualmente as nossas necessidades e as dos outros sem privilegiar nenhuma das partes. Assim, não estaremos amarrados a nós mesmos, nem nos confundiremos com os desejos dos outros. Extraído do livro “O livro das Emoções” de Bel Cesar, Ed. Gaia.
Bel Cesar é terapeuta e dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.

Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa e O livro das Emoções pela editora Gaia. Visite seu Site


Trabalhar num jardim em grupo desperta o encanto pela vida.

Cuidar das plantas com a intenção de gerar cura, nutre a alma, suaviza o coração e ameniza atitudes destrutivas.

Quanto mais apreciamos a beleza, mais beleza descobrimos.


 

liberdade condicional


As noticias chegaram sob a forma de mail vindo lá dos confins de outro continente, que agora é assim – estamos aqui e lá ao mesmo tempo. Mary estava doente, digamos com ciática e fora internada . Mas a verdade era bem outra e a doença também. Anthony seu filho voltara outra vez para a prisão depois de uma efémera liberdade condicional. Há anos que o processo e a degradação se arrastam… E que dizer a esta mãe?
Mary sempre se deslumbrou com homens mais novos. Os seus olhos fascinavam-nos, o seu corpo talvez também, a sua mentalidade , a sua afabilidade. Mary seguiu muitos percursos e muitos homens, sempre jovens, sempre estrangeiros, quase sempre portugueses, em países também estranhos e jovens. Um deles , talvez o último, teve morte trágica num acidente. Nunca entendi estes devaneios de Mary, esta procura incessante dum amor que se escapa sempre e sempre se transforma no azedume e na raiva. “Porquê eu?”
Anthony teria tido uma infância normal, com pai e mãe ao seu lado, uma irmã mais velha , um ambiente familiar razoável, digo eu, do lado de cá. Cedo saiu de casa, cedo começou a encantar-se por mulheres mais velhas. Com filhos. Cedo se perdeu nestas teias de linhas de telefone corderosa em que procurava abafar a sua sexualidade. E as contas apareceram que a mãe a principio pagou mas depois de tão exorbitantes teve de fugir para outros locais onde tentou trabalhar para sobreviver, longe de tudo, na solidão de quatro paredes vazias, sem telefone . E a busca recomeçou. E o desvario e a loucura. A agressividade contra tudo e todos, contra a mãe por vezes contra o pai contra o psiquiatra. Não contra as crianças que nunca as atingiu, nunca lhes tocou. Na sua ansiedade febril apenas procurava o telefone, as linhas eróticas, o falso amor pink, as imagens difundidas pela net talvez. Um dia, nesta loucura, nestas digressões sem retorno tem um acidente mortal. Vai parar à prisão onde o processo se eterniza. O acompanhamento psicológico também. Acalma-se forçadamente. Fingidamente(?). E dão-lhe autorização para sair sob vigilância.
………….
E tudo recomeçou…

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

 

O desafio


Mas talvez um dia
quando as buganvilias alegremente florirem
quando as bimbas entoarem hinos de madrugada nos capinzais
quando a sombra das mulembeiras for mais boa
quando todos os que isoladamente padecemos
nos encontrarmos iguais como antigamente
talvez a gente ponha
as dores, as humilhações, os medos
desesperadamente no chão
no largo - areal batido de caminhos passados
os mesmos trilhos de escravidões
onde passa a avenida que ao sol ardente alcatroámos
e unidos nas ânsias, nas aventuras, nas esperanças
vamos então fazer um grande desafio...


Poema de António Jacinto in Antologia Temática da Poesia Africana

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

 

O Reino do Dragão





O respeito por qualquer forma de vida, fundamento do budismo, era o lema deste povo e por isso todas as criaturas deviam ser tratadas com bondade. Deviam olhar para o inimigo como para um mestre que lhes dava a oportunidade de controlarem as suas paixões e de aprenderem alguma coisa sobre si próprios, não importando aquilo em que se acredita ou não, mas aquilo que se faz.
Não adoravam uma divindade, uma vez que Buda era apenas um ser humano que tinha atingido a “iluminação” ou compreensão suprema e por isso enviavam as suas orações como raios de energia positiva para o espaço infinito e para o espírito que reina em tudo o que existe – a religião naquele país era uma forma de vida, cada pessoa cuidava do Buda que tinha dentro de si. Acreditavam poder mudar por vontade própria se estivessem convencidos de uma verdade, mas ninguém podia obrigá-los a fazerem-no, porque a mudança é inevitável uma vez que tudo é temporário
.

(adaptação de O REINO DO DRAGÂO de Isabel Allende)

fotos www.chrisparsons.de

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

 

Signo do Leão


Do lado de lá do Oceano um LEÃO, do seu Quintal, enviou-me o desafio. Leão, de signo, aceitei a jogada. Mas antes dei uma volta pela “Praia do Leão” que fica lá nos Brasis, para meditar junto ao mar e depois fui até à Casa do Leão, ali para os lados do Penedo, em Sintra (já se vê). E assim sendo, depois de cuidada introspecção aqui vão as minhas

Manias , más vontades, fases da lua – chamem-lhe o que quiserem, mas

Detesto sentir ou pressentir qualquer cena de violência, seja contra quem for – humanos, animais ou plantas incluídos;
Detesto entrar em qualquer lado para beber uma bica ou comer qualquer coisa e apanhar com a fumaça do vizinho do lado, por vezes as vizinhas ainda são piores
Detesto futebol – ouvi-lo, cheirá-lo, vê-lo, pressenti-lo
Detesto ir ao cabeleireiro; mal passo a porta já me está a doer a cabeça e quando chego à rua desmancho aquilo tudo e penteio-me como gosto
Detesto sair de casa e não ir dizer ao cão “a dona já vem” e por isso nunca me esqueço de o fazer
Posto isto, destaco com o venerável colar do Leão:

Ant – pela identidade de gostos relativamente a chocolates pretos semi amargos e gelados de café com rum, entre outros

Fotoescrita – pela originalidade do seu dois em um


Por um fio – pela partilha de fotos e a promessa de uma visita a locais mágicos

Pussy Wagon – porque sem ele eu não estaria aqui, quando fui parar a um blog para “Novos Escritores” e tb para que o desafio atravesse de novo os mares, ultrapasse fronteiras.


Sa.ra - pelas suas "mariquices" e seu coração de Gaia

Sardinha em Lata - pelos seus préstimos informáticos




segunda-feira, fevereiro 13, 2006

 

manhã submersa


Manhã submersa de um qualquer sábado de Inverno. Acordo com o silvo do fax a desligar-se. Aconchego-me no calor de quem dorme a meu lado e puxo mais o edredon.
O dia começa a despontar, pela luz da janela entreaberta calculo que serão umas sete horas. O cão também acorda .
Tenho de me levantar para lhe abrir a porta do jardim. Passo pela casa de banho – não há luz. A máquina do café não funciona. Vou aquecer o leite mas o fogão “inteligente” não acende sem o tradicional fósforo. O micro-ondas ainda menos. O computador não liga, claro. Só agora relaciono o uivo do telefone com a falta de luz. Desespero. Vou-me deitar novamente, nada a fazer, estamos dependentes da tecnologia, da inovação, tudo funciona ao redor disto e portanto nada funciona…
Tento dormir mas não consigo dormir e acabamos ambos acordados no fare niente de um sábado qualquer em que nada se pode fazer. E as palavras acontecem . E os gestos. E a ternura. Os abraços e os beijos. A entrega , a partilha dos sentidos, do êxtase tão profundo como a suavidade do mar a espraiar-se pelo areal.
Quando acordo mais tarde, quando me levanto, cheira a primavera! É dia de são Valentim?

Foto: de scarlet-poppy. http://flickr.com/photos/scarlet-poppy
vale a pena, todos os dias, ver estas fotos!

 

O Chocolate...

...tem o mesmo composto quimico que é libertado no orgasmo. 50% das mulheres confessam preferir chocolate a sexo...


Os cientistas têm vindo a descobrir que o chocolate provoca a libertação de endorfinas, as "mensageiras da felicidade" do corpo, e encontraram
também no chocolate vestigios de feniletilamina, um composto quimico libertado durante o orgasmo. O resultado surpreendente de um inquérito revela que 50% das mulheres confessam preferir chocolate a sexo. Os homens que em ocasiões especiais aparecem com uma caixa de chocolates de luxo estão , pela certa, à "procura da paixão".

Talvez estes homens tenham interesse em saber que a concentração do "quimico do amor" é nove vezes superior no salame, se bem que ainda ninguém tenha dito que as mulheres preferem salame a sexo.


As descobertas dos cientistas têm vindo a reforçar a ligação que existe entre as mulheres e o chocolate : nos primeiros meses da gravidez, a molécula de anandamida desempenha um importante papel na comunicação entre a mãe e o feto. Isto é o que os maias poderiam ter dito no século VII, quando veneravam a vagem do cacau como sendo um simbolo de vida e fertilidade e o fruto tinha lugar nas cerimónias religiosas.
Também os astecas acreditavam na capacidade de o chocolate transmitir conhecimento, poder e saúde. Mantiveram a tradição maia de presentear a deusa da fertilidade, Xochiquetzal, com chocolate.
Cristovão Colombo introduziu a semente do cacau na corte dos Reis Católicos. Quando por volta de 1528 o conquistador Fernando Cortez se lembrou de juntar açucar ao amargo elixir do chocolate , começou realmente a loucura.
Ao longo dos secs XVII e XVIII o chocolate foi avançando de país em país : dentro do baú do dote de Ana da Áustria (filha de Filipe II de Espanha) quando viajou para França para casar com Luis XIII ...ou seguindo Carlos V quando este se mudou para Viena em 1711.
Durante muitos anos o chocolate permaneceu uma delícia reservada à aristocracia euroeia. Paralelamente à sua expansão, foi crescendo a má reputação do chocolate enquanto afrodisiaco..
Em 1868, os irmãos Cadbury introduzem a primeira caixa de chocolates. Graças ao contributo destes homens o chocolate é hoje uma indústria que move milhões e constitui uma obsessão à escala mundial.
O chocolate é delicioso e comer coisas deliciosas deixa as pessoas bem-dispostas. Há quem diga que o chocolate é um substituto do amor. E, bem vistas as coisas, o chocolate é muito mais fiável do que qualquer amante...
(Excertos de um artigo de Judith Finn publicado no Diario de Noticias de 11Fev2006)

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