terça-feira, março 28, 2006

 

Cenários


Procurei um lugar para descansar e «amar» Lisboa. Este, que vêem, sossegado e com uma vista fabulosa. Especial para de novo «respigar» a literatura queirosiana que levava comigo... Percebo que Eça se passeou por estes bairros populares, Graça, Castelo, Alfama e Mouraria, fazendo-se acompanhar dos seus amigos, como Batalha Reis e outros. Percebo ainda que era a estes lugares que ele recorria permanentemente para se inspirar e criar os cenários dos seus dramas.
Num local como este, com esta vista, deixava-se enfeitiçar... ou ficava a filosofar pela noite fora com os seus amigos.

Texto de t. em www.por-um-fio-invisivel.blogspot.com
Com fotos da sua autoria.





















Manuel procurou também um local onde encontrasse a tranquilidade por que ansiava para escrever à sua bem amada , essa querida Maria por quem se deixara enfeitiçar, deleitando-se noite fora com a sua visão e a perspectiva de um próximo encontro. Sentou-se então, a descansar um pouco no Jardim de S. Pedro de Alcântara cuja vista sublime lhe permitia , do lado oposto, descortinar a casa dela, lá para os lados do Campo de Santana.

Como que pressentindo esse doce enleio, Maria abriu um pouco a janela, deixando entrar a brisa outonal…


Novembro de 1914

Minha Maria querida

Estranho, acho-te triste, dizias-me tu , há dias…
Pois bem, já que o notaste, apesar dos meus grandes esforços para me mostrar bem disposto, devo dizer-te que sentia e sinto os efeitos da nossa separação e hoje a saudade silenciosa inclina a minha cabeça e humedece o azul dos meus olhos.
É que o teu amor toma-me a vida inteira e não há para mim luz no mundo como a luz que desferem os teus olhos e não há para mim vida como a vida que o teu hálito exala.

É que o teu amor é já o sangue, a vida da minha vida, a alma da minha alma.

O que sei bem e do que não posso duvidar é que sofro e este sofrimento é a pedra de toque, a sonda que mostra a profundidade da ferida que o teu amor produziu no meu coração.

Sim, amo-te , adoro-te! Bem o sabes. Melhor do que todas as frases sonoras, ricas de imagens opulentas , estas simples palavras exprimem a minha devoção ardente , a mais sincera das confissões que lábios humanos possam proferir. Sim, amo-te , com todo o entusiasmo da minha paixão; amo-te como sabem amar as aves namoradas, como sabe amar o rouxinol que canta nas balseiras; as almas puras que enchem de poesia uma vida é porque amam.

Envio-te estas violetas, que consegui não sem dificuldade. Dizem-me ser as primeiras daqui. Elas aí vão e talvez que fatigadas de uma tal viagem não levem já consigo toda a sua beleza mas poderiam jurar-te que a minha carta não terá perdido nada do seu perfume de amor.

Amo-te com um amor que nada destrói. Amo-te com um amor louco.
Um beijo infindo do teu e muito teu


Comments:
Obrigado pelo seu comentário!
Adoro fazer visitas sorrateiras, adoro banhos perfumados... . Gosto de visitar o seu blog, porque tem fotografias lindíssimas! Quanto ao Lycopersicon esculentum Mill., isto é tomates, escrevi 2 ou 3 postos sobre e com o fruto.
Boa noite!
:)
PS- foi mais uma visita sorrateira!
 
Gostei, simplesmente maravilhoso!

Lisboa, minha Lisboa!
Cidade que conheci,
Foi nesta Lisboa
Que Amadureci!

Boa Noite
 
Bom dia amiga
Que linda carta de amor
Ate logo
 
minha querida queirosiana,

bom dia!

tão bom passear nas tuas e nas dele.palavras.
 
eu diria, minhas queridas...
porque isto é obra conjunta, tal como se diz no post
há muito trabalhada "em conjunto", cada pássaro no seu ramo...

mas hoje abriu-se a janela
 
Lisboa é um a descoberta constante. Tal como o amor. Há é dias em que nem uma nem outro nos satisfazem, ou não apanhamos em toda a sua plenitude.
Bjos
 
é isso , ant

há dias, para tudo...

entendamos por isso cada dia e saibamos vivê-los

dia a dia...

tem um bom dia
 
Nom dia amiginha,
ja por aqui andei cedo entrei, por onde mandas-te, foi bom visitar aqueles cantinhos todos.
Tás a fazer coisas lindas no teu blog.
Eu tou "sentada" no meu...muito bem
ao que dizem...será por publicar o que me mandam?
Se não fosse assim hà mais de 2 semanas que estava parado.
Ainda bem que tenho tanta gente amiga...que me ajudam tanto.
Um beijo até logo
 
k prazer foi vir aqui. Mas diz-me estas cores dasparedes são reais? Sem filtros?
Bjs e ;)
 
tal como as fotos não são minhas , são da t. e tem o blog para linkar e ver mais...
beijos para ti , tmara
 
ó noite, anda c'a gente , reler o eça e procurar sitios ainda mais lindos....
é barato, é divertido... e dá milhões de criatividade ...

beijinhos
 
lindissimo texto este, lindissimo, meu Deus, que dedicação, que entrega. Parabens, beijo
 
Olá, Greentea!
Só agora consegui ir ao blog e ver a "nossa" obra...
As nossas "sinergias" estão a produzir resultados. Aliás, as sinergias produzem sempre resultados... é uma lição que as pessaoas nunca mais aprendem!
E os resultados são apenas pequenos momentos de emoção e de prazer...
Imagens e palavras bonitas que preenchem a nossa sensibilidade!
A carta de amor que escolheste é muito bonita e fica tão bem enquadrada nestas imagens. Até a da minha janela (sabes que é mesmo a minha janela) ficou tão bonita nesse contexto.
Curiosamente, hoje fui comprar flores (petúnias) para colocar numa floreira exterior. Daqui a uns dias, quando as flores estiverem bonitas, vou tirar uma fotografia e publicar.
Agora, tenho que ir tratar de outras coisas, mas vou com o coração cheio ...
Quando fôr a Sintra, o que farei em breve, gostava de te conhecer.
Um beijo
T.
 
Que coisa linda tens aqui! que coisa tão bonita!
Sabes uma coisa... é uma alegria partilhar este espaço/momento contigo!
obrigada!
beijos e um dia muito feliz!
 
Que giro, Greentea! Tudo se torna mais vivo nesta interligação entre passados vários e entre eles e o nosso presente. Era este então o tal tesouro encontrado numa gaveta? Bela ideia!
Bjs
 
Adorei, o texto é lindo, as fotos maravilhosas e que foi que disse que todas as cartas de amor são ridículas?
 
k texto lindoooooo....
Adorei.......
P.S: tens ai um belo album de fotografias, onde arranjas??... hihihi
jitos da Ritinha
 
Lindas fotos como sempre, desta nossa Lisboa que guarda tantos segredos.Quanto á carta de amor,achei maravilhosa.Só um principe poderia escrever tão belas palavras.Quem seria a princesa merecedora de tão profundo amor?bjs
 
eu hoje não digo nada...a Tereza é uma portentosa fazedora de uma lisboa que já não existe mas que ela insiste em ressuscitar de um modo tal que eu até acredito que exista....o texto bom é o texto! a vou-me. só estou a estragar a caixa de coments...


Parabéns às duas....

um abraço de sincero prazer.
 
Tão lindo...
E o amor é tão lindo também!...
Muitas vezes temos é mdo de usar as palavras com esta intensidade...
Muitos beijinhos!
Musa
 
Greentea

Maravilhosas cores e recantos captados pelos olhos de "Por um fio"!

As violetas e o amor do texto, fantásticos!

~*Um beijo*~
 
olha amiga, venho á noite, ler o Eça, abrir mais portas, espreitar janelas.
Pode ser...
Deixa a porta encostada.
bbjs
 
Boa noite, Greentea!
Vim aqui «fruir» do teu blog com mais calma, pois de tarde foi uma espreitadela muito rápida.
Bom, já percebi que tens uma gaveta que é uma caixinha de surpresas...
E que tu adoras tirar uma surpresa cá para fora de vez em quando. Também ainda não me explicaste muito bem aquela do «mistério da estrada de Sintra»... A resposta das brumas não me satisfez...
Se não investigas tu...
Bom, e com esta vou-me deitar a pensar que gostava de ser a Maria a quem o Manel escreveu aquela carta de amor.
Beijos e uma boa noite envolta em «brumas misteriosas»...
 
Lindíssimo...TUDO!
OBRIGADA!
Com o carinho de
BShell*]*[*]*[*]
 
Estas cartas são um mistério.
No Campo de Santana morava a minha Avó Maria...
Nessa casa havia uma grande secretária, dela , só dela onde ninguém estava autorizado a mexer.
Quando a minha Avó morreu, encontrei uma caderno de cartas de amor , copiadas por ela à mão; ninguém sabe quem foi o autor dessas cartas tão maravilhosas como esta. Guardei-as durante anos e anos sem as ler por respeito com a intimidade dela. Um dia reencontrei o caderno da capa preta...

São outras formas de amar, que hoje se expressam diferentemente, mas duma beleza tão intensa quanto as fotos da t. com as quais se conjugam maravilhosamente...
Nada disto combinámos. A t. fez o post dela e eu acabei de escolher alguma foto mais e aconcheguei-lhe a Carta a Maria (escrita em 1914)

Um beijo em especial para a t. que permitiu este deleite para os olhos , para a alma; as nossas sinergias , como ela diz, fizeram o resto.
Um beijo para todos que nos leram, que vieram até aqui.
 
É tão bom quando a partilha é autêntica e civilizada.
Eu acho que isto está apenas a começar...
Um beijo para a Greentea e para todos os amigos que também têm partilhado estes momentos connosco.
P.S. A primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi colocar as Petúnias (espero que se escreva assim) na floreira da «minha janela». Quando derem o primeiro ar da sua graça, tiro-lhes uma fotografia e publico.
Um beijo e uma boa noite!
 
as Petunias ficam bem e duram muito resistindo msmo no verão a altas temperaturas.

Outro dia puz amores pefeitas já envasados que duram muito. E bolbos - tulipas gladiolos, coroas, não precisam de muito espaço e fazem conjuntos bem lindos mesmo em vasos.
Nessa casa do Campo de Santana a minha A~vó tinha uma grande marquize envidraçada, onde tinha flores lindissimas q ela tratava - herdei-lhe o gosto!
 
A tua carta de amor despertou-me a vontade de escrever uma carta de amor também. Acabei de a escrever e já a publiquei.
Não é tão bonita quanto a tua, mas é a minha carta de amor e é autêntica!
Agora vou-me mesmo deitar que a noite já vai adiantada...
Bj.
 
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