segunda-feira, fevereiro 06, 2006
CULTURA
Cães como estes tive muitos, nascidos e criados na minha casa, companheiros de todos os momentos. Nunca lhes bati nunca os abandonei, em situação alguma!
Ontem, três horas da tarde , numa qualquer aldeia, nos confins do granito e da serra, paramos para beber um café, o único da terra , talvez. Três mulheres sentadas ao sol, à porta de casa. E um cachorro junto da mais velha, vestida de preto. Uma é criança ainda;a outra , disforme de gordura e de peso, tanto quanto o seu medo e a sua insegurança. O cachorro tipo serra da estrela nem terá dois meses - quer brincar e roer o que lhe aparece porque tem os dentes a nascer. A gorda pavorosa bate-lhe, mal ele se mexe, mal abre a boquita. E o cão chora de dor, de medo , de solidão, de confusão. Ele está apenas a brincar. Ele é tão pequeno e a mulher tão assustadoramente grande...
Olho para a mulher, ela percebe bem que eu a estou a censurar e a dizer para mim própria, que é falta de instrução, falta de sentimentos, que foi criada assim, que é preciso divulgar, falar, ensinar...
Chegamos a casa. Cansados dos 300 kms da viagem, as pernas entorpecidas a precisarem de movimento, as "tralhas" para arrumar, o jantar, o regresso à normalidade do final de domingo. São dez da noite e o Willy também está cansado do rebuliço do fim de semana, do carro, da paragem na área de serviço. Vou dar uma volta com ele, para andar. Ao fundo daquela rua que não tem saida nem prédios e onde toda a gente leva os cães a passear estava um carro parado com as luzes acesas, no meio da estrada. Lentamente começou a dar a volta à praceta onde estão os depósitos do gás, escondidos pelos arbustos. Parou, quando me viu. Não era um carro qualquer - seria um picasso, um monovolume qualquer da citroen, reluzente de asseio. De lá de dentro saiu um sujeito encasacado, bem posto. Voltou lá atrás à praceta, atrás dos arbustos e volta com um cão pequeno pendurado pelas patas. Mete-o no carro e o outro arranca . Fixo a matricula do carro e fixo-os a eles. O caozito vai no banco de trás a espreitar à janela, certamente a pensar que escapou desta mas que na próxima rua onde não haja ninguém a passear ele ficará amarrado a um outro arbusto qualquer num domingo à noite, numa noite gélida de inverno, pelas mãos de um qualquer dono engravatado, sem amor, engenheiro ou director da crueldade e do abandono.
Na serrana gorda e mal pronta ou no citadino de fatinho à maneira, a cultura é a mesma!!!!!!!!
Infelizmente a crueldade nao anda de maos dadas com a cultura. A crueldade é uma coisa intrinseca. Se a cultura eliminasse a crueldade haveria esperanca de que um dia as guerras acabaria...
Mas havera sempre inadaptados sociais que descarregarao as suas frustracoes nos mais fracos, quer sejam criancas, quer sejam animais...
Felizmente aqui as coisas sao diferentes. Se se provar que alguem maltratou um bicho as coisas ficam muito pretas para o prevaricador. E vao sair leis ainda mais severas...
BOa semana!
Abracicos!
A lei é burocratica, permissiva barata demais - coima de 5 escudos para o dono que mordeu a orelha do cão e ganhou a aposta.
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Vai sair legislacao nova a ditar as condicoes necessarias para manter animais, incluindo locais para "estimulacao mental", areas de brincadeiras e locais para refugio (de criancas ou de barulho). Felizmente la em casa os gatos tem essas cenas todas, portanto estamos bem, a Pet-police pode visitar quando quiser.
Amanha talvez poste um poema em mirandes...ainda nao sei.
Bjicos!
Aqui nunca nada se prova, nem mesmo nos crimes contra crianças, maus tratos, violações, agressões... Quando se chega a vias de facto ninguem viu, ninguem reparou , ninguém sabe, ninguém quer saber.
Tb não sei o q vou postar amanhã - talvez janelas para outros mundos.
Beijikos.
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