quarta-feira, janeiro 25, 2006

 

vilarinho da furna





As eleições para a escolha dos Seis e substituição do Zelador eram realizadas de seis em seis meses. Os Seis que cessavam as funções, transmitiriam aos sucessores, na presença do novo Zelador e do Zelador cessante, os assuntos pendentes e o dinheiro em cofre.
Em tempos, o Zelador antes do início da reunião, jurava sobre os Santos Evangelhos e, no acto da sua posse, impunhava a vara das cinco chagas, jurando, assim, obediência a todos os vizinhos.
A Junta reunia, normalmente, todas as quintas-feiras. Para isso o Zelador, ao raiar da aurora, tocava uma buzina (búzio) ou um corno de boi, chamando os componentes da Junta. Ao findar o terceiro toque, espaçadamente, dirigia-se para o largo de Vilarinho, levando uma caixa onde se encontravam as folhas da lei. Seguidamente, o Zelador procedia à chamada, aplicando aos faltosos uma "condena" de 50 centavos, a não ser que uma pessoa de família comparecesse justificando o motivo da ausência. Porém, aqueles que faltassem todo o dia sem apresentar qualquer justificação, eram condenados a pagar 5$00.
A reunião da parte da tarde não se realizava no largo da aldeia, mas, sim, junto aos campos, na ponte romana sobre o rio Homem. Era nestas assembleias que se determinava os trabalhos a realizar e as "condenas" a aplicar. Depois de todos terem discutido os vários assuntos respeitantes à vida da aldeia, os seis reuniam-se para deliberarem, vencendo sempre a maioria e tendo o Zelador voto de qualidade. Os assuntos principais incidiam sobre a construção e reparação dos caminhos, muros e pontes de serventia comum, a organização pastoril (vezeiras e feirio), organização dos trabalhos agrícolas (malhadas, desfolhadas, vindimas, roçadas, etc.) e, ainda, a distribuição das águas das regas, etc.
As atribuições do Zelador eram tais, que poderia, em caso muito grave, expulsar o vizinho, isto é, margina-lo totalmente da vida social e sistema comunitário. Ele era também o Juiz de todos os crimes, com excepção para o homicídio por ser da competência dos tribunais.
Havia um puro sentimento de solidariedade que envolvia este povo e a sua força de unidade, traduzia-se no lema de todos por todos.
Muito haveria a dizer do regime comunitário de Vilarinho, um povo que deixou a todos nós, uma história e um exemplo.O espectro da barragem começou a pairar sobre a população como um abutre esfaimado. A companhia construtora da barragem chegou, montou os sues arraiais e meteu mãos á obra. Esta surge progressiva e implacável.
(extr. Museu de Vilarinho da Furna)

Vilarinho da Furna foi afundada em 1972 , para dar lugar à barragem. Fazia parte deste país, no concelho de Braga, perto do Gerês.
E o País - para onde vai?

Comments:
Muito bonito o seu blog.
 
Posso saber a razão do nome com que assinas?
 
Interessante o que nos vais contando sobre coisas antigas. Gosto de saber.
 
O que posso dizer é que estas memórias são fantásticas...
Eu não sabia nada disto e achei precioso este teu post.
 
Para a Fotoescrita
"GREEN TEA, também conhecido como chá verde vem sendo muito utilizado durante muitos séculos devido às suas propriedades terapêuticas conferidas por sua rica composição em polifenóis, entre outros ativos.

Além de seus efeitos antioxidantes já bem conhecidos, estudos recentes têm sugerido que o extrato de GREEN TEA pode auxiliar na fotoproteção da pele, na prevenção do fotoenvelhecimento, no controle da oleosidade e na prevenção do câncer de pele. "
(www.manualfarma.com.br)
e porque gosto muito do Verde, da Natureza, das Plantas Medicinais e outras
 
Eu gostava de saber onde vais tu buscar tanta informação interessante.
este blog é de uma frescura sem limites.
 
Para responder à pergunta eu acho que o pais também se está a afundar. Melhor dizendo uns afundam-se e outros vão flutuar.
 
Bem lembrado! Qualquer dia passo por lá para tirar umas fotos.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?