sábado, janeiro 14, 2006

 

As Rendas de Bilros e as minhas Avós


A origem das Rendas de Bilros de Peniche perde-se na bruma dos tempos. Provenientes da Flandres, de Itália ou da China são tecidas pelas mãos da mulheres, talvez pela necessidade de ocuparem o tempo enquanto esperam o regresso dos homens do mar. No século XVI, foram introduzidas no litoral do Brasil, após o surto migratório.
A técnica das Rendas de Peniche é única pois as rendilheiras trabalham com as palmas das mãos voltadas para cima e usam apenas os bilros, não se distinguindo nestas rendas o avesso do direito do trabalho.
Para elaborar as rendas é necessário dispôr de uma almofada cilindrica cheia de palha de trigo e forrada com algodão, bilros de madeira de pinho (ou osso ou marfim). Os picos, côr de açafrão, com o motivo da renda são aplicados na almofada e sobre eles se vão entrelaçando as linhas, cuidadosamente presas por alfinetes ,que depois se retiram à medida que o trabalho avança.
A minha avó Angélica era desta zona. Fazia rendas maravilhosas e ganhou uma Medalha de Ouro , na Exposição de Paris, não sei de que ano. A minha avó Rita era de Vila Real de Sto António, onde agora há Cursos de Bilros, na Universidade da 3ª Idade. Entre as duas, que nunca se chegaram a conhecer, este elo de ligação!





Comments:
Que linda homenagem a todas tuas gerações.
Gostaria de complementar que no sul do Brasil, do estado de Santa Catarina, cujo litoral é de forte influência portuguesa, principalmente açoriana, as redeiras também utilizam-se dessa técnica e tem trabalho lindíssimos.
 
Vivendo e aprendendo...

Fica bem e sorri!
 
Creio que as rendas de bilros conquistam Portugal a partir da Flandres, onde esta técnica/arte atingiu uma sofisticação hoje inantigível - existe em Gant, numa das salas do município, uma antiga pintura de uma pricesa portuguesa, vestindo uma peça de roupa feita deste tipo de renda, tão fina e leve que dizem ser impossível reproduzir hoje.

Essa das mulheres fazerem rendas de bilros para ocupar o tempo à espera dos seus maridinhos tem todo o ar de ficção romântica. As mulheres trabalhavam para o sustento familiar, ou para a nobreza a quem serviam.
 
as rendas de bilros são vendidas a bom preço e hoje de facto são já raras pelo q o seu preço cada vez é mais alto.
Tb há rendas de bilros em Gant, Bruges e creio q em todo o litoral de França e particularmente na Bretanha. Em Espanha tb aparecem ainda hoje as rendeiras e organizam-se concursos mas a técnica é diferente e a própria almofada onde se trabalha.
 
Pela segunda vez alguém refere a renda de bilros num blog, mas este é o primeiro "Tratado" que vejo sobre o assunto. Refiro isto porque sempre me fascinou ver a minha avó fazê-lo, e, muito mais tarde, uma senhora sentada nas arcadas do Terreiro do Paço em Lisboa, quase todas as manhãs, quando ia para o trabalho. Até aí ficava parado a vê-la trabalhar, pois tem qualquer coisa de mágico para mim.
 
Vou postar uma matéria no ramosrumoselacos.blospot.com que menciona os bilros aqui em Fortaleza-Ce
 
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