sábado, dezembro 17, 2005
Em Guilhafonso, Soito e Famalicão da SerraCastanheiros esquecidos
A região da Guarda tem imponentes castanheiros que estão a cair no esquecimento porque as autarquias e a população não se mostram muito interessadas em preservá-los. Soito, Guilhafonso e Famalicão da Serra são apenas três das localidades que se podem orgulhar de terem servido de berço para árvores que já foram «rainhas da castanha». Hoje, estão praticamente abandonadas à sua sorte. O castanheiro de Guilhafonso, apesar de classificado, continua à espera de melhores dias. O mesmo acontece com o do Soito, muito apreciado pelo padre Miguel. Às portas de Famalicão da Serra, dois castanheiros mantêm-se abraçados há largas dezenas de anos.
É uma referência para as gentes do Soito. A população garante mesmo que foi por causa do castanheiro milenário - a ser verdade o que é referido na placa de mármore que tem pregada - que a terra foi baptizada com aquele nome. João Pina Rito, o orgulhoso proprietário desta árvore, tem agora receio que um dia o famoso castanheiro possa vir a ser cortado, uma vez que está plantado em terreno alheio, e por isso quer que passe a ser património estatal.
Assim, ficaria garantido o pedido formulado na placa: «Tratem-me bem. Sou um bebé que nasci em 940. Fui posto neste lugar em 944.» O proprietário não sabe quem a lá colocou mas assegura que este castanheiro nunca esteve doente e que continua a dar «muitas e grossas castanhas». João Pina Rito conta que o padre Miguel, que é seu vizinho, sentou-se muitas vezes à sombra do imponente castanheiro e uma vez chegou a fazer-lhe um pedido: «Nunca o cortes que ele nunca secará».
Receoso com o que poderá acontecer ao castanheiro, uma vez que está em terreno alheio, o proprietário quer que seja protegido pelo Estado. O responsável pelo Lar da Terceira Idade do Soito sugeriu-lhe que o entregasse à Santa Casa da Misericórdia, «que também ninguém o tira», mas João Pina Rito confessa que «não sabe se é verdade». Da parte da Junta de Freguesia não foi ainda dado qualquer passo para resolver a situação. Amilcar Carrilho, presidente da autarquia, justifica que «a Junta não pode interferir em assuntos privados até porque nunca foi solicitada nenhuma ajuda por parte do proprietário». Para além disso, salienta, «não há nenhum estudo» que prove a idade do castanheiro.À espera de projectos de valorização
Já devidamente classificado como «Imóvel de Interesse Público» mas à espera de mais atenção está o maior castanheiro da Europa, situado em Guilhafonso, freguesia de Pera do Moço. Em 1993, a Câmara Municipal da Guarda estava a preparar um projecto de valorização da área envolvente da árvore mas tudo não passou de meras intenções. Carlos Baía, na altura vereador da Cultura, afirmou ao TB que havia a intenção de colocar «uma "vedação de madeira" na área da copa do castanheiro, construir um parque de estacionamento e melhorar o acesso ao local». Seis anos depois, apesar da vegetação ter sido devastada em redor da árvore, há quem por incúria e desrespeito pelo património deixe ali ficar latas de sumo e caixas de pizza. Como se não bastasse, recentemente foi atingido por um raio, que lhe provocou danos na pernada principal. Contactado pelo TB, Virgílio Bento, actual vereador da Cultura da Câmara Municipal da Guarda, afirmou que «desconhece o projecto» de valorização daquele área.
Abandonado por uns e apreciado por outros encontram-se os dois castanheiros que têm uma pernada em comum, situados às portas de Famalicão da Serra, também no concelho da Guarda. «É um casamento!» afirmaram ao TB alguns habitantes da aldeia. Ninguém sabe quando é que os dois castanheiros se uniram. Américo Couto, de 92 anos, garante que «é muito antigo», escusa-se, contudo, a adiantar uma data de nascimento. Já com 63 anos de idade, José dos Santos Augusto garante que «sempre se lembra de os ver assim».
Noticias de TERRAS DA BEIRA
A região da Guarda tem imponentes castanheiros que estão a cair no esquecimento porque as autarquias e a população não se mostram muito interessadas em preservá-los. Soito, Guilhafonso e Famalicão da Serra são apenas três das localidades que se podem orgulhar de terem servido de berço para árvores que já foram «rainhas da castanha». Hoje, estão praticamente abandonadas à sua sorte. O castanheiro de Guilhafonso, apesar de classificado, continua à espera de melhores dias. O mesmo acontece com o do Soito, muito apreciado pelo padre Miguel. Às portas de Famalicão da Serra, dois castanheiros mantêm-se abraçados há largas dezenas de anos.
É uma referência para as gentes do Soito. A população garante mesmo que foi por causa do castanheiro milenário - a ser verdade o que é referido na placa de mármore que tem pregada - que a terra foi baptizada com aquele nome. João Pina Rito, o orgulhoso proprietário desta árvore, tem agora receio que um dia o famoso castanheiro possa vir a ser cortado, uma vez que está plantado em terreno alheio, e por isso quer que passe a ser património estatal.
Assim, ficaria garantido o pedido formulado na placa: «Tratem-me bem. Sou um bebé que nasci em 940. Fui posto neste lugar em 944.» O proprietário não sabe quem a lá colocou mas assegura que este castanheiro nunca esteve doente e que continua a dar «muitas e grossas castanhas». João Pina Rito conta que o padre Miguel, que é seu vizinho, sentou-se muitas vezes à sombra do imponente castanheiro e uma vez chegou a fazer-lhe um pedido: «Nunca o cortes que ele nunca secará».
Receoso com o que poderá acontecer ao castanheiro, uma vez que está em terreno alheio, o proprietário quer que seja protegido pelo Estado. O responsável pelo Lar da Terceira Idade do Soito sugeriu-lhe que o entregasse à Santa Casa da Misericórdia, «que também ninguém o tira», mas João Pina Rito confessa que «não sabe se é verdade». Da parte da Junta de Freguesia não foi ainda dado qualquer passo para resolver a situação. Amilcar Carrilho, presidente da autarquia, justifica que «a Junta não pode interferir em assuntos privados até porque nunca foi solicitada nenhuma ajuda por parte do proprietário». Para além disso, salienta, «não há nenhum estudo» que prove a idade do castanheiro.À espera de projectos de valorização
Já devidamente classificado como «Imóvel de Interesse Público» mas à espera de mais atenção está o maior castanheiro da Europa, situado em Guilhafonso, freguesia de Pera do Moço. Em 1993, a Câmara Municipal da Guarda estava a preparar um projecto de valorização da área envolvente da árvore mas tudo não passou de meras intenções. Carlos Baía, na altura vereador da Cultura, afirmou ao TB que havia a intenção de colocar «uma "vedação de madeira" na área da copa do castanheiro, construir um parque de estacionamento e melhorar o acesso ao local». Seis anos depois, apesar da vegetação ter sido devastada em redor da árvore, há quem por incúria e desrespeito pelo património deixe ali ficar latas de sumo e caixas de pizza. Como se não bastasse, recentemente foi atingido por um raio, que lhe provocou danos na pernada principal. Contactado pelo TB, Virgílio Bento, actual vereador da Cultura da Câmara Municipal da Guarda, afirmou que «desconhece o projecto» de valorização daquele área.
Abandonado por uns e apreciado por outros encontram-se os dois castanheiros que têm uma pernada em comum, situados às portas de Famalicão da Serra, também no concelho da Guarda. «É um casamento!» afirmaram ao TB alguns habitantes da aldeia. Ninguém sabe quando é que os dois castanheiros se uniram. Américo Couto, de 92 anos, garante que «é muito antigo», escusa-se, contudo, a adiantar uma data de nascimento. Já com 63 anos de idade, José dos Santos Augusto garante que «sempre se lembra de os ver assim».
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