quinta-feira, novembro 24, 2005

 

O Perdão

Na manhã seguinte, um doce sentimento de paz a invadiu.Pensou novamente na mulher deformada, doente da alama e do coração, prostrada sem vida como a planta. ae então, sem saber aonde ela está ou como a contactar directamente, concentrou-se nesse sentimento de amor e tranquilidade, nessa luz que enchia a sua mente e enviou-lhe o perdão e a cura. Porque o passado já não existe. O passado serviu para que aprendessemos a transpor certas barreiras, para que soubessemos aperfeiçoar o nosso EU, as nossas atitudes, os nossos comportamentos. Para que pudéssemos curar certas feridas antigas, dar um sentido diferente às nossas vidas, respeitar/entender os que nos rodeiam, aceitar as suas atitudes. As dificuldades, as contrariedades do dia a dia têm um único objectivo - ao lidarmos com elas aprendemos a ultrapassá-las, libertamo-nos de experiencias antigas menos boas, gerimos a nossa destreza e a nossa capacidade de perdoar. Porque o perdão é "uma experiencia de caminho, cheia de esforço e ternura, uma aventura cheia de surpresas que vêm sempre de modo novo em nossas vidas", todos os dias da nossa vida.

Comments:
Isabel,

lindo o teu texto. Penso que o perdão é um sentimento complexo que pode acontecer de várias formas. Desde o auto-perdão (como retratas neste texto) até o perdão ao outro (que pode assumir várias facetas). Tanto um quanto o outro exigem exercícios difíceis até poderem ser realizados. Não saberia dizer qual é mais doloroso. O auto-perdão real, creio eu, exige um aprofundamento interior ao encontro dos nossos monstros, um encontro com tudo aquilo que jaz no fundo, no obscuro e que nos impede de prosseguir sem amarras.

Perdoar o outro gera uma discussão interessante. Sabe que há alguns dias eu estava discutindo sobre isto com alguns amigos? Alguém do grupo falou que podemos perdoar alguma pessoa que nos fez mal desde que possamos ficar afastados da dita cuja. Isto seria perdão? Se não conseguimos mais nos aproximar da pessoa isto significa que a perdoamos? Tenho dúvidas, mas penso que é melhor um perdão assim, pela metade, do que ficar curtindo ódio ou ressentimento.

De outra forma, se a pessoa se arrepende e busca nosso perdão, daí sim acredito que podemos gerar um perdão puro, livre de mágoas. Ou seja, para mim, o sentido do perdão pleno ao outro está vinculado a manifestação de arrependimento alheio.

beijo

Iuri
 
Queria mandar-te um texto lindissimo que ontem recebi, mas agora não consegui "copiá-lo" - já o mando pelo mail.
Se só conseguimos perdoar mantendo-nos afastados dessa pessoa é porque não a conseguimos enfrentar e não a perdoámos totalmente. Claro que é melhor o meio perdão do que ficar alimentando o ódio e o ressentimento, embora no fundo , no nosso fundo mais intimo as marcas perdurem. Mas penso que devemos aprender a reciclá-las, tal como o lixo, transformando-as em novas matérias , aproveitando os ensinamentos que elas nos trouxeram.
Em muitos casos, dificilmente a outra pessoa se reaproxima para o perdão , para um relacionamento "normal"; noutros casos, perdemos o contacto com ela.
O texto que escrevi é dirigido a uma dessas pessoas, que vive do ódio , da intriga hábil e perversa, da perseguição e desvario mental. Mas agora está impossibilitada de trabalhar, foi reformada e vai sofrer a segunda ou terceira intervenção ao coração - as doenças fisicas são o espelho das nossas doenças mentais.
Não soube AMAR, perdoar, dar nem receber e o coração, orgão do amor por excelencia, virou doente!!!!!!!!
Há aspectos que espero que compreendas porque a linguagem do Brasil é diferente, por vezes, da nossa. Mas a essencia é a mesma.
Um dia bom para ti
Isabel
 
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